Os motoristas do Distrito Federal são os que menos precisam de óculos ou lentes de contato para dirigir no país. É o que apontam dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), divulgados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) nesta segunda-feira (15/7).
De acordo com a pesquisa, houve um aumento de 40% de motoristas do DF que passaram a ter restrições visuais na carteira nacional de habilitação nos últimos 10 anos. Em 2014, eram 369.771 cidadãos com observações anotadas na CNH. Neste ano, o número subiu para 517.114.
O quantitativo é baixo se comparado a de estados como o Goiás, que apresentou alta de 129%, e Tocantins, com 128% condutores a mais do que em 2014. Roraima (125%), Mato Grosso (120%), Acre (119%) e Amazonas (110%) também dobraram seus números de motoristas com restrições relacionadas à visão.
A capital federal vai, portanto, na contramão do restante do país. Analisando os dados nacionais, o total de motoristas com limitações visuais passou de 14,4 milhões em 2014 para 25,4 milhões em 2024.
Dos 517.114 motoristas do DF com observações relativas à visão anotadas no verso da CNH, 514.699 são obrigados a dirigir com lentes corretivas; 1.703 são proibidos a circularem após o pôr-do-sol; e 712 têm visão monocular.
Poucos motoristas novatos O Distrito Federal também aparece como um dos últimos em outra lista: a de novos condutores. A capital foi a segunda unidade da federação que menos emitiu CNHs nos últimos dez anos. De 2014 para cá, o aumento foi de 26%, ficando acima apenas do Rio Grande do Sul, com 25%.
Em 2014, o DF tinha 1.409.160 motoristas em seu território. Hoje, segundo o Senatran, conta com 1.772.279 habilitados.
A presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Wilma Lélis, alerta para fatores como a exposição prolongada às telas de celulares e computadores; o aumento da incidência de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e estresse; e os maus hábitos de vida (alimentação inadequada, sedentarismo, obesidade). Para Wilma, esses elementos contribuem para o surgimento de problemas de visão e enfatizam a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
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Número de novos motoristas no DF cresceu apenas 25%
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São 1,7 milhões de habilitados em todo o DF, segundo o Senatran
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517 mil condutores da capital têm alguma restrição visual
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Já em outras unidades da federação, o número proporcional à quantidade de habitantes é bem maior
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Como é feita a análise O pedido de inclusão de anotações na CNH é feito pelo médico do tráfego do departamento de trânsito de cada estado e do Distrito Federal ao fim da avaliação prévia exigida para a concessão ou renovação da habilitação. No exame, o especialista analisa as condições do candidato de conduzir um veículo, sem oferecer perigo para outros motoristas, passageiros e pedestres.
Entre outras aptidões físicas, são analisadas a acuidade visual, o campo de visão, a capacidade do candidato de enxergar à noite e reagir prontamente – com resposta rápida e segura – ao ofuscamento provocado pelos faróis dos demais veículos; e a capacidade de reconhecer as luzes e sua posição dos semáforos.
Ao identificar a existência ou sintoma de deficiência de visão, o médico do tráfego orienta a busca por uma avaliação especializada, que ser feita por um oftalmologista, para que seja feito o diagnóstico exato do problema e a respectiva prescrição do tratamento.