Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, descobriram uma nova classe de antibiótico capaz de matar a Acinetobacter baumannii, uma superbactéria resistente às classes de medicamentos disponíveis até o momento.
“A Acinetobacter baumannii resistente a carbapenêmicos (CRAB) emergiu como um importante patógeno global com opções de tratamento limitadas. Nenhuma nova classe química de antibiótico com atividade contra A. baumannii chegou aos pacientes em mais de 50 anos”, lembram os pesquisadores em um artigo publicado nesta quarta-feira (3/12) na revista Nature.
Ao analisar um banco de dados com 44.985 moléculas, os cientistas encontraram a zosurabalpina, uma nova classe de antibióticos de moléculas pequenas eficaz principalmente contra a A. baumannii carbapenêmico-resistente (CRAB, na sigla em inglês).
O antibiótico, desenvolvido em parceria com o Grupo Roche (Suíça), foi testado em placas de laboratório infectadas e em camundongos e foi capaz de inibir o crescimento da bactéria em ambos.
A A. baumannii possui moléculas de lipopolissacarídeos (LPS) na membrana externa que impedem a penetração de antibióticos na célula. O zosurabalpina, por sua vez, age na cadeia de transporte do LPS da membrana interna para a externa da bactéria (periplasma). O antibiótico se liga a um complexo de proteínas na membrana da bactéria conhecida como LptB2FGC.
Ao fazer essa conexão, a bactéria não consegue mais transportar o LPS, que acaba se acumulando em níveis tóxicos, levando-a à morte.
Superbactérias resistentes As superbactérias são um desafio para a saúde pública devido ao alto grau de resistência aos antibióticos comumente utilizados pelos médicos. Isso ocorre quando as cepas passam a não responder mais aos tratamentos convencionais. Como resultado, o paciente sofre infecções prolongadas, com novas hospitalizações.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 1 milhão de pessoas morram todos os anos no mundo por infecções por bactérias resistentes ao tratamento com antibióticos.
A A. baumannii é descrita pela OMS como uma das três superbactérias mais críticas à saúde. Ela é tão desafiadora que a agência reguladora dos EUA, Food and Drug Administration (FDA), não aprova uma nova classe de antibióticos para tratá-la a mais de 50 anos.
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