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Pelo menos dois rifeiros são investigados por participação no ‘golpe do Pix da Record’

A quantidade de suspeitos de participação no ‘Golpe do Pix da Record’ voltou a subir. Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (12), a Polícia Civil informou que a apuração do crime de estelionato virtual, onde funcionários da emissora desviavam dinheiro de doações feitas para pessoas em situação de vulnerabilidade que apareciam pedindo ajuda financeira no programa ‘Balanço Geral’, tem até 15 pessoas sendo investigadas. Entre elas, estão dois rifeiros.

O delegado Charles Leão, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber), explicou a participação destes no esquema.

“Neste momento, temos de 3 a 15 investigados nesse caso. É claro que o processo é dinâmico, pode aumentar ou diminuir. […] Há referência para dois rifeiros dentro do esquema e, por isso, entraram na investigação. Porém, podem também responder pela atividade da rifa, que é ilegal. Em resumo, os envolvidos são dois jornalistas e pessoas que orbitam ao redor deles, cedendo o PIX que era colocado em tela no lugar das vítimas que eram entrevistadas no programa”, explica Leão.

O nome de um dos rifeiros teria sido, inclusive, gatilho para a descoberta do escândalo de estelionato virtual. Isso porque, quando o jogador de futebol Anderson Talisca, ex-Bahia, doou um valor para uma criança com câncer, o assessor do atleta checou o nome de quem receberia o PIX informado na tela do programa, que era diferente da pessoa que aparecia na TV buscando ajuda.

Depois de chegar até a emissora essa informação, é que o caso começou a ser investigado internamente e, depois, chegou ao conhecimento de todos. 

A polícia não revelou os nomes dos investigados, nem mesmo os dos dois jornalistas da Record que são os principais responsáveis pelo crime. No entanto, em meio ao escândalo, o repórter Marcelo Castro e o editor-chefe do Balanço Geral, Jamerson Oliveira, foram demitidos por justa causa pela emissora. Mesmo assim, a defesa de ambos, no entanto, negou que eles estejam sendo investigados pela polícia.

“Marcelo e Jamerson, em momento algum, possuem o título de investigados ou suspeitos […] Os dois estão à disposição para serem ouvidos e levar os seus esclarecimentos”, afirmou o advogado Marcus Rodrigues, que representa os profissionais, no início deste mês Eles ainda não foram ouvidos. Ao todo, a polícia afirma ter ouvido cerca de 27 testemunhas.

O número de investigados pode até aumentar, visto que o rastreio de quem está por trás das chaves utilizadas no esquema já conta com a participação do Banco Central.Conforme a investigação, as chaves PIX mostradas durante a veiculação das histórias não pertenciam aos telespectadores. Elas eram oferecidas por um funcionário da emissora como meio de recebimento de valores, sob a justificativa de “controle”. 

“Então era oferecido para que você aceitasse aparecer na tela uma chave PIX de uma pessoa que você não sabe quem é. Então, com sua anuência, essa pessoa precisando urgentemente… São pessoas simples, pobres, pessoas que estavam em estado de vulnerabilidade realmente. Então ela aceitava. Depois, sem ser um processo minimamente transparente, se mandava um para ela, dizia, foi esse valor, pronto”, explica o delegado.

O valor enviado pela produção, no entanto, não representava o montante arrecadado. Até aqui, se fala, de acordo com as investigações, em R$ 800 mil no golpe que ocorria desde o mês de novembro do ano passado. Para Charles Leão, a dinâmica do esquema aponta para o crime de lavagem de dinheiro. 

“O fornecimento de uma chave fixa para ingressar valores, esconder valores é, para mim, sinal possível da existência de um crime de lavagem de dinheiro. Então, se da mesma forma que o autor do furto tem uma grande relação com o receptador, o estelionato também tem uma grande relação com a lavagem de dinheiro. Essas pessoas serão ouvidas e, verificado realmente a sua culpa, serão iniciadas e apontadas à justiça”, diz.

Cronologia do caso

Cronologia do caso 

11 de março 

  • Vem à tona a denúncia de que funcionários da Record TV Itapoan teriam desviado dinheiro de doações feitas por telespectadores através de Pix. Ao menos dois jornalistas da emissora baiana são suspeitos de ter se apropriado de dinheiro doado para pessoas com dificuldades financeiras que participam de programas da empresa
     

11 de março 

  • Nesse mesmo dia, o diretor de jornalismo da Record TV/Itapoan, Gustavo Orlandi, enviou uma nota ao CORREIO, confirmando que a empresa estava apurando as suspeitas de desvio de dinheiro doado através do pix. A quantia seria em torno de R$800 mil. 

13 de março

  • Emissora tomou conhecimento da fraude depois que o jogador de futebol Anderson Talisca, ex-Bahia, doou um valor para uma criança com câncer e procurou a família para checar como estavam. Informado de que não teriam recebido dinheiro algum, o atleta acionou a produção da TV Record/Itapoan. A criança faleceu dias depois. 
  • CORREIO tem acesso ao áudio de um funcionário da emissora, que preferiu não se identificar. Ele confirmou a situação, apontou que o desvio do pix das doações não era algo novo e que os valores do golpe poderiam ser ainda maiores.

“Descobriu agora, mas imagine o que vinha acontecendo há anos. Um já foi demitido, está esperando o outro voltar de férias. Acredito que ele só vai aparecer aqui com o advogado”, conta, apontando dois repórteres e um editor como responsáveis. 

  •  Zé Eduardo, apresentador do Balanço Geral, se pronunciou sobre o caso e pregou punição aos envolvidos na hipótese de confirmação dos desvios. 
  •  Polícia Civil confirmou o registro de ocorrência de suposto desvio de ajuda financeira por funcionários da Record TV/Itapoan e informou que o caso está sendo investigado Delegacia de Repressão ao Estelionato e Outras Fraudes (DreofCyber), com o apoio do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP). 

14 de março

  • Vítimas se revoltam. O ambulante Adriano Lima, 38 anos, que trabalhava na Praça do Sol, em Periperi, teve móveis, eletrodomésticos e itens de trabalho furtados da sua casa, no bairro de Nova Constituinte, em setembro do ano passado. Ele teve a situação exibida pela TV Itapoan/ Record, no programa Balanço Geral, mas alegou não ter visto um centavo das doações.
  • Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) acompanha caso e pede rigor nas investigações. 

15 de março

  • Alvo de especulação nas redes sociais, a repórter Daniela Mazzei negou envolvimento com o caso.

17 de março

  • Zé Eduardo voltou a se pronunciar sobre o caso e revelou ter sido a pessoa a descobrir o golpe. O esquema tinha como palco o programa Balanço Geral, onde apareciam pessoas necessitadas em busca de ajuda financeira. Zé, que foi alertado pelo empresário do jogador Anderson Talisca, disse que sua primeira atitude foi procurar a direção da empresa para delatar o caso. Segundo ele, dois funcionários da emissora seriam os envolvidos na atividade criminosa.
  • Record encaminha pedido formal de investigação sobre golpe do Pix. 

20 de março

  • Celulares de vítimas são apreendidos pelas Polícia Civil. 

27 de março

  • Delegacia investiga, ao todo, 15 casos de desvio de dinheiro arrecadado em campanhas de caridade divulgadas pela Record TV/Itapoan. 

31 de março

  • O repórter Marcelo Castro e o editor Jamerson Oliveira são demitidos da Record TV/Itapoan. Zé Eduardo liga o nome dos dois ao caso pela primeira vez e afirma que eles estão sendo investigados pela Polícia Civil.

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