CÉZAR FEITOZA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal enviou um relatório ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), em que diz que o tenente-coronel Mauro Cid tem descumprido cláusulas do acordo de delação premiada.
Moraes enviou o relatório para a PGR (Procuradoria-Geral da República), que deve se manifestar sobre a manutenção da colaboração premiada do militar que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A expectativa é que o ministro do Supremo decida nos próximos dias se o acordo será mantido. A eventual anulação da delação deve manter válidas as provas e os depoimentos do militar, mas Cid pode perder os benefícios obtidos pelo acordo.
A avaliação na Polícia Federal é que Mauro Cid tem omitido informações e dificultado a investigação, contrariando o próprio acordo firmado entre a PF e o militar.
O descontentamento dos investigadores aumentou depois que se descobriu que o tenente-coronel apagou mensagens e arquivos do celular considerados importantes para a investigação.
Pessoas próximas a Mauro Cid afirmaram à reportagem, sob reserva, que o militar nega ter omitido informações dos investigadores ou mesmo apagado provas. A justificativa dada por ele é que, na função de ajudante de ordens, ele recebia dezenas de documentos por dia e apagava o que considerava pouco importante.
Cid também disse que não sabia do plano golpista elaborado pelo general da reserva Mário Fernandes, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro prestou novo depoimento sobre as investigações do golpe nesta terça-feira (19). A oitiva durou cerca de três horas. Cid deixou a sede da Polícia Federal no início da noite, acompanhado pelo advogado Cezar Bittencourt.
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