InícioEditorialRelatos de furtos crescem em festas populares, e Carnaval preocupa foliões

Relatos de furtos crescem em festas populares, e Carnaval preocupa foliões

O Carnaval está cada vez mais perto e agora que as restrições sanitárias foram dispensadas, a impressão é que 24 horas é pouco tempo para tanta opção de festa. A cada nova saída, uma pergunta se repete em todos os grupos de amigos: levar ou não o celular? Eis a questão. Só na Festa de Iemanjá, oficialmente, foram registradas mais de 100 ocorrências de roubos e furtos. Os relatos da onda de violência se acumulam nas redes sociais e a preocupação com a proximidade da maior festa de rua do planeta aumenta. 

Para você curtir o rolê sem perrengue e evitar ser roubado em meio a multidão, preparamos um guia com algumas dicas. A primeira coisa importante para dizer é que se você não for esperto ou esperta, é bem provável que alguém esteja ao seu lado pronto para tirar proveito da menor distração. Por isso, dar mole com o celular nunca é uma boa escolha. O cenário ideal é não levar nenhum objeto de valor quando o destino for alguma aglomeração, seja pública ou privada. 

Mas como muita gente deixa para encontrar os amigos no meio do rolê ou precisa pedir um carro por aplicativo no final da festa, nem sempre dá para ficar incomunicável. No caso da estudante Giovanna Flamiano Costa, 21, um vacilo rápido foi o suficiente para que o furto acontecesse na noite do 2 de fevereiro, no Largo da Dinha, no Rio Vermelho. 

“Meu celular estava guardado o tempo inteiro, mas uma hora peguei para verificar uma mensagem. Nisso eu senti alguém puxando meu celular da minha mão”, relembra. No susto, Giovanna até tentou segurar a pessoa que ela acredita ter realizado o furto, mas se surpreendeu com a reação do homem. 

“A pessoa reagiu como se não fosse ela que tivesse cometido o furto e eu fiquei em pânico porque nunca tinha passado por isso. Não sabia como reagir”, conta a estudante. 

Como já estava longe de casa, Giovanna optou por continuar na festa e registrou um boletim de ocorrência online na mesma noite. Para evitar passar pelo que aconteceu com ela, se aproximar de agentes de segurança quando precisar usar o celular e não ficar em locais apertados com o aparelho à mostra são dicas valiosas. Evitar tirar fotos e gravar vídeos para não chamar atenção também diminui a chance de roubo. 

A SSP registrou 107 furtos e roubos na Festa de Iemanjá 

(Foto: Vinicius Harfush/CORREIO)

“É interessante que as pessoas não levem para rua objetos de valor, como relógios, celulares e cartão. O pagamento por aproximação facilita que os não titulares do cartão façam compras. É melhor levar dinheiro e usar o porta-dólar por dentro da roupa”, indica Luiz Paulo Bastos, advogado e ex-conselheiro nacional do Ministério da Justiça. 

Uma pesquisa da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) indicou que, em 2020, a troca de cartões foi o golpe mais comum no Carnaval. Quando o folião compra uma bebida, por exemplo, o vendedor ambulante aproveita a distração para observar a senha e depois troca o cartão e devolve outro parecido. 

Luiz Paulo também lembra que estar sempre em grupos de amigos pode inibir os assaltantes, mas vale o recado: em caso de abordagem, nunca devemos reagir pois as consequências tendem a ser piores. 

Por toda parte
Os relatos de furtos e roubos em celebrações populares não são restritos a uma parte da cidade. O jornalista Claudio Leal estava no Pelourinho na segunda-feira passada (30) quando presenciou diversas abordagens na Rua Gregório de Matos, às 23h, após a saída do Cortejo Afro. 

Sete assaltantes teriam realizado diversos roubos no local, que, apesar de próximo ao 18º Batalhão de Polícia Militar, não tinha policiamento. “Eles começaram a roubar e agredir continuadamente frequentadores que saíam do Cortejo. Foi surreal porque eles continuaram na mesma área roubando correntes e celulares”, relata. Claudio conta ter visto ao menos sete roubos em um curto espaço de tempo. A Polícia Militar afirma não ter sido acionada. 

A insegurança de quem frequenta circuitos alternativos, como o Rio Vermelho e o Centro Histórico, preocupa foliões que pretendem curtir o retorno do Carnaval nas maiores aglomerações, formadas no Campo Grande e Barra-Ondina. Neste final de semana, o Fuzuê e o Furdunço darão o tom de como será folia a partir do dia 16, quando a festa começa de fato. 

Um homem que mora há 13 anos no Santo Antônio Além do Carmo e preferiu não ser identificado por medo de retaliações conta que nunca presenciou um pré-Carnaval tão perigoso quanto o deste ano. “Eu nunca vi nada assim antes, a movimentação está muito grande e são muitos casos de crimes”, relata. Ele inclusive, pretende se mudar com a esposa e o filho por conta da insegurança que sente no bairro.

Somente no dia 2 de fevereiro, quando foi comemorado o centenário da Festa de Iemanjá, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP) registrou 84 casos de furtos e 23 ocorrências de roubo. A diferença entre os dois crimes é que, no primeiro, não há violência. A Polícia Civil foi questionada sobre a quantidade de registros neste início do ano e de anos passados, mas não forneceu os dados até a finalização desta reportagem. 

A major da Polícia Militar e porta-voz da corporação, Flávia Barreto, indica que as pessoas redobrem a atenção com seus pertences nas aglomerações, especialmente porque os dois anos sem a festa deve ter como consequência o aumento de crimes. 

“Estamos há dois anos sem Carnaval e as pessoas estão com o gás maior para curtir, mas sempre existem as pessoas que aproveitam para subtrair pertences”, diz. A major sugere o uso de porta-dólar quando não for possível deixar objetos em casa. Flávia Barreto lembra que a capital terá reforço de policiais vindos do interior e revista nos portais de abordagem.

Para Luiz Paulo Bastos, o aprofundamento das desigualdades sociais causado pela pandemia contribui para o aumento do número de crimes, especialmente em locais de aglomeração. “Cerca de 30% da população brasileira tem renda per capita de até R$ 497, o que leva também a uma incidência criminal maior”, analisa. 

Celular do ladrão
Na capital, uma prática tem se popularizado cada vez mais nas festas. Levar, além do celular próprio, um outro aparelho para dar em caso de assalto. Foi justamente o “celular do ladrão”, em bom baianês, que salvou o jornalista João Marcelo Souza, 22, de perder o seu verdadeiro aparelho na véspera da Festa de Iemanjá, no Rio Vermelho.

Na ocasião, Marcelo estava com uma bolsa de tiracolo e não reparou quando alguém a abriu e tirou de dentro um dos dois celulares. “Era umas 20 horas, estava passando pelo Largo da Dinha e parei para conversar com algumas pessoas. Tenho quase certeza que o furto foi nesse momento porque tinha muita gente passando pelas laterais e estava apertado”, conta. 

Ele só reparou que tinha sido vítima de furto quando se deu conta que a bolsa estava aberta. A sorte foi que levaram o celular reserva, que Marcelo, inclusive, leva para todos os lugares desde que comprou um aparelho novo, no ano passado. 

“Até quando vou na praia ou no shopping levo o celular do ladrão. Não foi uma grande perda, ele cumpriu a função dele”, diz. 

Planejamento estratégico é saída para amenizar furtos e roubos no Carnaval

Tudo indica que o número de ocorrências registradas na Festa Iemanjá é inferior à real quantidade de roubos e furtos que aconteceram no dia. Afinal, não é todo mundo que procura a polícia para fazer um boletim de ocorrência. Mas se engana quem pensa que denunciar o crime não traz resultado. Saber os locais mais visados por assaltantes e horários das ocorrências é uma forma das forças de segurança se planejarem, inclusive no Carnaval. 

“A polícia precisa estar preparada para o retorno do Carnaval, afinal, foram dois anos sem a realização da festa. Uma forma de fazer isso é resgatar as informações das ocorrências de crimes anteriores, para saber em qual região se rouba mais e que horário”, explica Sandro Cabral, professor de estratégia no setor público na Universidade Federal da Bahia (Ufba) e autor de diversos trabalhos na área de segurança pública. 

O especialista lembra ainda que diferentemente de festas de largo, em que não há revista das pessoas, o Carnaval movimenta uma grande quantidade de recursos que podem ser usados no combate do crime. “A polícia pode usar dados para estabelecer ações, que passam pela colocação de câmeras, locação de efetivo, emprego de policiais à paisana, além do trabalho de investigação”, analisa. As polícias Militar e Civil foram procuradas, mas não comentaram o tema da reportagem.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, cerca de seis mil policiais vão participar da Operação Carnaval deste ano. Somado a eles, estarão 389 alunos da Polícia Militar serão treinador para reforçar o policiamento. No interior, a segurança terá reforço de mais 300 câmeras instaladas nos circuitos. Pelo menos 60 cidades da Bahia façam a festa de Carnaval, além de Salvador.

O que fazer em caso de celular roubado

  • Rastrear e apagar seus dados de forma remota (é possível fazer isso através do site Encontre meu Dispositivo, em aparelhos Android, e pelo ICloud, no iOS)
  • Bloquear o celular através do IMEI (o bloqueio é feito perante a operadora através do número de dentificação do aparelho)
  • Comunicar o ocorrido ao banco 
  • Registrar um boletim de ocorrência
  • Alterar suas senhas

*Com orientação de Perla Ribeiro.

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