Os servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) divulgaram uma carta aberta, neste domingo (28/1), pedindo um novo marco normativo “que deixe claro as atribuições, ferramentas e limites” para a atuação da inteligência no país. A manifestação ocorre após operação que investiga esquema de espionagem ilegal de autoridades da agência.
No documento, divulgado pela União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin (Intelis), os profissionais afirmam que, desde a operação da Polícia Federal (PF) contra o ex-diretor geral da Abin Alexandre Ramagem (PL), as discussões sobre a atuação do órgão tem ocorrido a partir de “informações incompletas e análises distorcidas”.
Para tanto, o texto esclarece que as atividades de inteligência são praticadas por todos os países democráticos do mundo, que os resultados têm como objetivo informar, e não decidir; e também buscam se contrapor a ameaças terroristas e extremistas.
“As leis da Inteligência devem proteger os cidadãos brasileiros de desvios promovidos por dirigentes e governos mal-intencionados, mas sem tornar disfuncional uma atividade essencial a todo Estado que queira promover seus interesses no exterior e resguardar sua sociedade de ameaças de caráter interno e externo”, argumentam os profissionais.
“Não podemos ser o único país do G20 – e atual presidente rotativo do bloco – a prescindir de um serviço de Inteligência civil, republicano e forte.”
Operação Na quinta-feira (25/1), a PF realizou buscas contra o ex-diretor geral da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL) e também contra outros suspeitos de envolvimento em espionagem ilegal.
Pelo menos 30 mil pessoas, entre elas autoridades, foram monitoradas de forma ilegal pela Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF apontou o uso indevido do sistema de informática FirstMile, durante a gestão do diretor-geral Alexandre Ramagem.