Mais uma vez, o Vitória faz um início de temporada ruim. No Campeonato Baiano, está ameaçado de eliminação precoce pela quinta vez seguida. Na Copa do Nordeste, a situação também é turbulenta, com apenas um ponto conquistado em três jogos. Executivo de futebol do clube, Edgard Montemor reconheceu: houve falha no planejamento para 2023.
Em uma longa entrevista coletiva nesta sexta-feira (17), ele assumiu parte da culpa pelo momento do Leão. Também falou sobre ações que estão sendo tomadas para melhorar o cenário no ano, incluindo a chegada de até dez reforços.
“A responsabilidade é minha, a cobrança tem que ser feita a mim – desde que seja com respeito, sem atacar a pessoa, ela é muito correta. Os resultados não vem, tem que ser cobrado”, afirmou, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (17).
O processo de montagem do elenco começou no fim de setembro, quando o Leão conquistou o acesso para a Segunda Divisão. Naquele mês, o clube definiu que tinha 15 jogadores fora dos planos para 2023, ao mesmo tempo em que se esforçaria por algumas renovações. Em seguida, iria ao mercado para contratar outros reforços.
Segundo Montemor, o Vitória mirou em uma primeira ‘prateleira’, mas não conseguiu acertar essas contratações. Quando foi para a segunda prateleira, já era tarde demais. Assim, teve que recorrer a uma terceira.
“A gente terminou a montagem, e aí é uma questão em relação ao mercado, talvez tenha sido falha minha. A gente mirou alguns atletas que tem perfis de força e velocidade de um jeito. A gente mirou uma prateleira alta. (…) A gente nunca consegue trazer a primeira lista. Normalmente, a primeira lista é a primeira lista de todo mundo. Vitória, Sport, Ceará, foram atrás dos mesmos jogadores”.
“Quando a gente viu a prateleira de baixo, já tinha ido. Então, vamos buscar. Precisa. Isso é claro. Os jogadores aqui são ruins? De forma alguma. Continuo falando que a gente tem um bom elenco, faltam mais umas peças para ficar homogêneo. Vamos tentar resolver agora. Ou para o nosso objetivo principal que é o acesso à Série A. Tenho certeza de que o Vitória, quando trouxer essas peças, vai brigar lá em cima. Não tenho dúvidas disso”, completou.
Reforços
Até aqui, o clube contratou 13 jogadores para a temporada 2023. O mais recente deles é o atacante Wellington Nem, regularizado na última quinta-feira (16). Mas, diante de uma temporada ruim, os reforços não vão parar por aí. De acordo com o executivo de futebol, o plano é trazer até dez atletas novos para a disputa da Série B. O número pode ser ainda maior, caso o clube julgue necessário.
“A conversa ala atrás era essa. Cinco, seis. Hoje, vão ser nove, dez. Vamos trazer nove, dez reforços. Onde não deu certo (…) A gente não pode errar, como a gente errou em algumas contratações agora no início”.
“A gente tem que fazer com que essa mudança seja mais rápida. Quantos vamos trazer? Entre oito, nove reforços. Se, ali na frente, a gente julgar que é menos e não tiver feito ainda, a gente recua. Se tiver que fazer mais, a gente vai fazer mais. Se tiver atleta que não estiver rendendo e que não está comprometido, e a gente tiver que trazer 15, vamos trazer 15. Hoje, o raio-x é esse. Trazer de oito a dez reforços. Reforços que possam preencher algumas lacunas que a gente viu que faltam”, disse.
Montemor, porém, não quis adiantar quais as posições mais carentes do elenco. “A gente precisa de reforços para quase todas as posições. Sejam reforços para chegar e agregar. Compor um elenco que, para a Série B, precisa ser mais forte”.
“Já tem [contratações engatilhadas]. A gente está no mercado. A nossa ideia é que, se a gente conseguir agregar já, seria interessante, e aí não é substituir. É agregar. Igual ao Thiago Lopes veio, o Pedro, mas é difícil pelo momento. Mas em relação à Série B, sim, a gente está no mercado, ativo no mercado. E a gente vai ter um time forte”, garantiu.
Segundo o executivo, outra mudança na busca por resultados melhores já foi feita: a troca de comando técnico. João Burse, que havia renovado com o Vitória no ano passado, após a conquista do acesso, foi demitido no dia 5 de fevereiro, e Léo Condé foi contratado para a sequência de 2023.
“Em relação às ações que estão sendo feitas, foi trocada a comissão técnica. A gente vai fazer contratações. Aumentamos o número de contratações porque entendemos como necessário. Internamente, a gente tem tomado várias atitudes. Não vem ao caso expor alguns detalhes. Em relação a todos os setores, estamos atentos a toda a parte física, nutricional, psicóloga, todo mundo envolvido para a gente melhorar”, comentou.
“Em relação aos resultados, concordo. Quando o resultado não vem, não vem. E a gente está devendo. Eu estou devendo. O treinador é novo, mas está devendo. A gente tem feito muita coisa para tentar sair”, garantiu.
Saídas
As mudanças no elenco não envolverão somente chegadas, mas também saídas. Montemor explicou que, para contratar reforços, será preciso que alguns jogadores deixem o elenco. O executivo não adiantou quem seriam essas peças, ou de quais posições, mas confirmou que não planeja um elenco inflado demais para a Série B.
“Vamos trabalhar na Série B do Brasileiro com um elenco entre 27, 28, 30, no máximo”, projetou.
“Quando você trabalha com um elenco, você não pode trabalhar com um elenco de 40 jogadores, 45. Apesar de alguns clubes trabalharem, não é o ideal. A partir do momento em que você pensa em trazer 6, 8, 10 reforços, 15, tem que sair jogadores para entrar esses jogadores novos. Posso garantir que o Vitória não terá 40, 42 jogadores no elenco. A gente ainda tem um tempo, o futebol muda, mas a gente já entende que talvez seja melhor haver a troca. São números”, seguiu.
Confira outros trechos da entrevista coletiva de Edgard Montemor:
Montagem do elenco
Mesmo sabendo que a responsabilidade é minha, eu não faço nada sozinho, compartilho as coisas. A gente está sempre atento ao mercado, nunca para de analisar, de ver jogadores. Chego na minha casa e vou ver mais um ou dois jogos. A gente tem um setor de análise de mercado. Tem um setor de análise de desempenho, que também está atento. Às vezes, o que a gente quer não está dentro do nosso orçamento. São várias pessoas que, quando se reúnem, conversam sobre futebol, sobre contratações, já analisaram o perfil, o que a gente precisa, que posição a gente precisa, orçamento que nos foi dado. Às vezes, o que a gente quer não está dentro do nosso orçamento. A partir deste momento, a gente faz as contratações.
Olho no futuro
Quando termina a montagem, já na preparação, a gente já consegue detectar um problema ou outro em relação à montagem. É uma obrigação nossa, até porque o campeonato não vai terminar em fevereiro, vai até em novembro. A gente precisa não só consertar dentro das competições que a gente está, para tentar atingir os objetivos, mas também no futuro. Independente de quem estiver aqui, o clube tem que continuar pensando no futuro, ele não se restringe a pessoas. O Vitória é muito maior do que isso, a gente tem que continuar esse trabalho. Isso já foi feito, já foi detectado. A gente já sabe do que precisa. A gente já está no mercado, já continuou monitorando. E a gente aprimora a busca nessas posições que eu falei. Melhorar a tempo de salvar o primeiro semestre, esperamos que isso aconteça. Mas, principalmente, focando no segundo semestre, para a gente atingir o objetivo principal do clube – sem menosprezar essas duas primeiras competições, que a gente vai brigar até o final, enquanto a gente tiver chance. Mas, para a gente atingir, lá em novembro, o objetivo que nos foi proposto
Como resolver o problema do Vitória?
São vários problemas quando você não atinge os resultados. A gente debate isso internamente. A gente tem uma equipe multidisciplinar no Vitória, que melhorou e aumentou a partir de janeiro, com novos profissionais, novos setores dentro do clube, que permitam fazer essa análise. Tem coisa que é óbvia, que você não precisa sentar com coordenador científico para ver que algumas coisas não funcionam. Mas tem coisas que parecem óbvias. Os números são frios. Às vezes, você pega um número, e ele parece te levar a uma conclusão: “É isso que está acontecendo”. Mas, quando você senta e junta outros dados, você vê que talvez não seja isso, talvez o problema seja outro. Ou talvez não seja só isso, que é o caso. Nunca é só um problema. Isso está sendo detectado. Espero que os problemas que a gente não esteja vendo, que também existem… A gente é humano e está atento. E que a gente consiga resolver os problemas detectados e que transformem isso em resultado. Agora, o maior problema, com certeza, em relação ao nosso momento, são os resultados. Concordo que a gente fez péssimas partidas. Com certeza, a gente fez partidas em que a gente merecia ter tido um resultado melhor. Outras, a gente até teve um resultado que não foi tão ruim, mas merecia ter tido um resultado pior. É o futebol. Na minha opinião, apesar de ter vários erros, em relação à montagem, a gente vai melhorar a equipe. Se a gente estivesse ganhando todos os jogos, os erros detectados seriam os mesmos em relação à montagem. E eles seriam resolvidos também, mesmo com 100% de vitórias, que não é o caso. Mas a gente tem que seguir buscando o resultado, que vai dar um pouco mais de tranquilidade para a gente. O resultado em si maximiza muito alguns problemas.
Resultados
A gente poderia fazer uma conversa em relação aos resultados, cobrança de resultado, por que o resultado não vem… Tudo que engloba o departamento de futebol profissional do Vitória e que tem relação objetiva com resultado. Outra coisa é como funciona o departamento de futebol, em relação a contratações. Óbvio que vai ter influência no resultado, mas é uma outra coisa que, às vezes, a gente mistura. A gente julga que, pelos resultados não estarem vindo, o trabalho é mal feito. E 2+2 não são4, neste caso. O resultado não estar vindo mostra que a gente falhou em algumas coisas e que a gente tem que consertar, mas não significa que o trabalho está sendo mal feito. O trabalho do executivo que é muito mais do que o resultado em si.
Desligamento da última comissão técnica
O desligamento da antiga comissão passa por diversos fatores, não objetivamente a participação na montagem. Todos participam da montagem. Não dá para imaginar a montagem de elenco onde a comissão e o treinador não participem ativamente. Vamos dar como exemplo, a gente vai trazer um lateral-direito, a gente chega em dois nomes, um conjunto, as dez pessoas que trabalham no departamento de futebol chegam em dois nomes, a gente vai trazer o que o treinador prefere. Não o que o Edgard prefere ou o que o preparador físico prefere. Então, óbvio que há responsabilidade do treinador na montagem, como há de todos os outros que participaram. No final, de quem é para ser cobrada a montagem do elenco? Do executivo. No caso, hoje sou eu. Óbvio que vou trazer o jogador que o treinador prefira. Ele que tem que lidar com o material humano que vai fazer com que as ideias que estão na cabeça dele vão para dentro de campo e possam acontecer, se transformar em resultado.
Confiança
A gente tem feito muita coisa para tentar sair. A gente, pelo menos, fazer nossa parte em relação ao Barcelona [de Ilhéus]. Já que é culpa nossa que chegamos na situação em que não dependemos mais da gente. E é lamentável. A gente sabe disso. Eu sei disso. Os atletas sabem disso. Mas vamos fazer nossa parte. Se não der, foi por culpa nossa. Tem sido feita muita coisa internamente. Hoje a gente entende que é um número que vai fazer o Vitória melhorar. Se a gente acertar nas contratações. A gente não pode errar, como a gente errou em algumas contratações agora no início.
Parte física
Sim, a gente tem que modificar o que não está dando certo. Seja a parte física, nutricional, psicológica. A gente tem que tentar de tudo. Quando falei lá atrás, às vezes os números mostram que tanto por cento de gols ocorrem depois de 70 minutos. A primeira coisa que penso, sem hipocrisia, é a parte física. É só isso? Não sei. Quer dizer, eu sei. Estamos analisando, algumas coisas estão sendo feitas. Talvez dar mais força para a equipe. É só isso? Não é só isso. Não é só a parte física. Não estamos sofrendo esses gols só pela parte física. A parte mental faz muita diferença. O futebol hoje é muito mental, sempre foi. A gente hoje só dá mais valor. Futebol é técnico, tático e mental. Não podemos deixar o mental de lado. E o mental é o mais difícil de trabalhar. Você tem que trabalhar ele individualmente e coletivamente. Não adianta trabalhar só individualmente se ele está inserido em um grupo de 30 jogadores. Se está inserido em uma atmosfera que, hoje, por culpa nossa, é difícil. Ou não é difícil? Vestir a camisa de um clube enorme do Vitória e não dar resultado. Lógico que é difícil. E aqui todo mundo é ser humano. Quem sou eu para falar que é só físico? É mental também. A impressão que eu tive no zero a zero com o Sergipe, e, com todo o respeito ao Sergipe, a gente não pode perder. Estou falando, e os atletas também. Não pode. Com todo respeito. Não pode. A impressão de todo mundo que estava lá é que o zero a zero ia terminar assim, quando a gente fez 1 a 0 ficou perigoso a gente perder. Como explica isso? Fizemos 1 a 0 e ficou “agora vamos levar o gol”. É mental. Tem que trabalhar também. Vamos trabalhar o mental, fisicamente. Não sou a pessoa mais adequada para entrar na discussão profunda sobre o aspecto físico. Mas, se der uma breve pesquisada, vai ver que tem fisiologista e pessoas ligadas à área que dizem que 48 horas é o pico do cansaço. A gente conversou sobre isso. Tem quem fala que crioterapia tem que fazer outros dias, que é importante para regenerar, outros dizem que serve para nada. Tem várias coisas que, no futebol, são comprovadas e todos os clubes fazem. Outras, alguns fazem e outros não, porque falta estudo, falta comprovação científica.
Gestão
A gente só está falando sobre possibilidade de conseguir ainda uma classificação no Campeonato Baiano – que, por culpa nossa, não depende mais da gente -, uma classificação que está cada vez mais difícil na Copa do Nordeste… E um futuro que deixa a gente assustado por conta do começo, que será uma Série B do Brasileiro… A gente só está discutindo sobre isso porque essa gestão resgatou o Vitória. Isso tem que ficar bem claro. A gente tem que apanhar pelos resultados, vocês têm que cobrar todos os dias os resultados, assim como a gente cobra os jogadores. (…) A cobrança pelo resultado tem que ser feita. Eu sou o responsável. Os atletas são responsáveis. E a gente vai brigar para sair dessa, e nós vamos sair. E a outra coisa é o que vem sendo feito no Vitória. Acreditem. Estou há 20 anos nessa profissão, e o que eu vi aqui, vocês podem ter certeza de que, se não fosse essa gestão, o Vitória estaria na Série D, com dívidas impagáveis, indo a caminho de equipes, infelizmente, como Paraná. A gente não estaria falando sobre um futuro, que, quem sabe, em novembro, a gente não faz uma coletiva muito mais feliz, como a do ano passado. Acho que a gente tem que separar algumas coisas.
Perfil reservado
Quando eu comecei minha trajetória de executivo de futebol, há quase 20 anos, defini algumas metas em relação à minha carreira, ao meu perfil e como me comportaria. Algumas, mudei. Mas uma que mantenho até hoje é tem relação com a exposição pública, e com meu papel diante da imprensa. Existem executivos com perfis diferentes, alguns que preferem sair na mídia, estar sempre falando. Meu caso é de ser mais reservado. Mas, desde que cheguei, nunca me escondi em relação a qualquer situação.
Análise de mercado do Vitória
Análise de mercado em um clube do tamanho do Vitória não é importante, ela é essencial. Em um clube deste tamanho, não tem como trabalhar dentro do mercado sem um departamento. Porque em clubes menores tem um executivo, uma comissão, dá para levar. Até por outras demandas. A gente discute muito contratação, demissão, mas as demandas em um departamento de futebol são enormes, e, em um clube como o Vitória, são maiores ainda. Se ficar só com o executivo, o treinador e a comissão, é impossível. O departamento de análise de mercado vai, principalmente em momentos como esse, que precisamos ser rápidos, ele vai vir com os nomes. Óbvio que você tem que ter um executivo e um treinador que estão ligados no mercado. Não adianta o analista de mercado trazer 20 nomes nas posições determinadas pelo executivo e pelo treinador e você dizer que não conhece nenhum. Aí não dá. Tem que ser um cara do mercado. Vai vir 20 nomes por eles, e vamos atrás. Se você parar para olhar, ver quem está disponível, quem está jogando pouco… Exemplo, o América-MG tem um cara no perfil que a gente quer e que não está jogando. Isso não tem como eu fazer. Em outros clubes, dava. Aqui no Vitória não tem como. É o analista que vai fazer isso, vai dar subsídios para a gente ir atrás. É um departamento que, no Vitória, a gente provavelmente vai trazer outro funcionário. A gente precisa. É um departamento importantíssimo. Inclusive, para fazer o monitoramento do ano que vem. O Vitória não vai acabar em 2023. Vamos jogar a Série A, ou a Série B de novo. Acho que vamos jogar a Série A. Monitorar novos talentos, categorias de base, que é importantíssima, fortíssima. Precisa monitorar jovens talentos. É de suma importância.
João Pedro
O problema que teve com o João Pedro foi cobrança. Adoro o João Pedro, ótimo caráter, mas foi cobrança. A gente se cobra o dia inteiro.
Gustavo Blanco
Gustavo Blanco parou de jogar porque quis. Não pegou só você de desprevenido, a gente contava com ele. Ele resolveu parar de jogar. Quem tem que explicar por que parou de jogar não sou eu, é ele. Ele tem os motivos dele e eu tenho certeza de que são importantíssimos para tomar uma decisão dessa.
Psicológico ruim?
Muitas vezes, não só no Vitória, mas a gente assistindo aos jogos na televisão, a gente vê o treinador pedindo para o time ir para a frente e o time indo para trás, e você fala: “Caramba, cara. Os caros são teimosos, são surdos?”. Não, cara. Primeiro, você tem um adversário do outro lado e, muitas vezes, taticamente, fisicamente, por imposição de vontade, muitas vezes, acaba sendo obrigado a voltar para trás. E tem essa parte mental, que é difícil de explicar, né? É difícil explicar o que a gente não vê. Um sentimento. Se eu for falar de mim mesmo, eu vou ter dificuldade de falar de mim mesmo, imagine falar do outro? Eu tentar explicar o outro? Mas a gente tem uma psicóloga, doutora Miriam, que está inserida no trabalho diário. Por incrível que pareça, hoje, a curtíssimo prazo, para ganhar do ABC, falando de parte mental, não estou falando mais das outras coisas, que também são importantes, mas para ganhar do ABC, do Náutico, a gente vê um clube, um time, de um elenco que foi montado para a gente estar brigando em cima e está brigando embaixo que… Internamente, eu compartilho da sua opinião, a diretoria compartilha dessa opinião, o novo técnico compartilha dessa opinião de que temos um bom elenco, com deficiências em algumas peças, que a gente já abordou isso, mas temos um bom elenco. Os atletas sabem que são um bom grupo de trabalho. Internamente, depois dos jogos, a gente se pergunta, de verdade, não é força de expressão, a gente se pergunta: “Gente? Esse elenco não foi montado para isso”. Olha para o nosso redor aqui. Onde a gente passou, por onde nossos atletas passaram, por que está acontecendo isso? E a gente, mesmo diante de todo esse cenário, e a gente está brigando ali embaixo, a gente perde um jogo como perdemos esse último para o Sergipe… Qual o diagnóstico? Cara, a gente chega no chão. No fundo do poço. Está no fundo do poço, né? Quando a gente perde do jeito que a gente perdeu. Quando a gente não consegue entregar o que deveria, por várias obrigações, por ser melhor, por ter mais estrutura, por estar com o salário em dia.… Por tudo! A gente tem a obrigação de entregar um resultado. A gente sabe disso. Esse abatimento é grande. Então, hoje, o que eu preciso fazer como gestor de pessoas, como executivo, primeiro, é vir aqui, de cabeça erguida, acreditando no trabalho, atento aos erros, tentar consertar as coisas, mas motivado, e dar a mão para esses atletas, em quem eu confio, que a gente continua confiando internamente, para tirá-los do chão. Para ganhar. A gente precisa ganhar. E para ganhar, precisa levantar. Levantar a cabeça e acreditar que somos um bom elenco. Parece loucura eu falando isso, mas a gente vai precisar ali. E é algo que está saindo de positivo, a torcida que vem aqui e apoia por 90 minutos. Eu posso estar engando, mas não me lembro… Desde o dia em que eu cheguei aqui, na reta final da Série C. “Ah, mas na Série C a gente só ganhou”. Não. A gente perdeu. Tomou de 5 a1, a gente empatou em casa com o ABC, teve momentos em que a gente achou que não iria dar. Desde que cheguei aqui e, inclusive, nesse início, eu não me lembro de a equipe ser vaiada no meio do jogo. A torcida está fazendo a parte dela. E eu peço que continue. Amanhã, não importa se vão vir 35, 5, 8, 10, 12 mil, não importa. Quem vier aqui que continue nesse perfil. Começar o jogo? Apoiar. Apoiar o time coletivamente, individualmente. Tem atletas que não estão bem, mas precisam que a gente acredite que a gente vai mudar. Amanhã a gente vai entregar o resultado, mas, se amanhã a gente não conseguir, aí tem que escutar vaia. Faz parte. Até é obrigação da torcida vaiar e cobrar. Mas que ela continue apoiando, porque é muito importante. A gente precisa disso. Eles precisam disso.