Os assessores de imprensa do governo petista estão vendendo a ideia de que Volodymyr Zelensky simplesmente não apareceu para uma conversa com Lula, que até se dispôs a abrir espaço na sua agenda apertada de líder mundial de extrema relevância, para receber o presidente ucraniano no Japão, durante o encontro do G7.
Esses mesmos assessores de imprensa dizem que Lula, pego de surpresa pela ida de Zelensky ao Japão (o que não é inteiramente verdade), resistiu a reunir-se com o presidente ucraniano, por achar que as potências ocidentais haviam tentado impor o seu tête-à-tête com o líder do país agredido pela Rússia, num fórum que não seria adequado.
Não foi apenas por estar contrariado com a pressão das potências ocidentais que Lula resistiu a receber Zelensky. Ele até pode ter ficado contrariado, mas esse não foi o motivo principal. Afinal de contas, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, governante de um país abertamente mais alinhado a Moscou, aceitou a circunstância e reuniu-se com o presidente ucraniano, em atitude muito mais inteligente do que se fazer de totalmente surpreendido.
Lula resistiu a encontrar-se com Zelensky porque, além de nutrir antipatia pessoal pelo presidente ucraniano, ele não teria como continuar a bancar a pombinha da paz se confrontado diretamente com Zelensky. A incompatibilidade não foi de agenda, mas de lado.
Ao dar uma banana final para o presidente brasileiro, Zelensky desmascarou Lula. É um profissional da política internacional, ao contrário do presidente brasileiro. Ele não se prestou à humilhação de ser encaixado em horários disponíveis, como se fosse subalterno a ser recebido por um chefe com má vontade, e mostrou que Lula não tem interesse em uma paz justa, mas quer apenas a rendição da Ucrânia, travestida de acordo. Ficou ainda mais claro para o mundo que o presidente brasileiro é aliado de Vladimir Putin, apesar do trololó do seu discurso no G7, de condenação à “violação da integridade territorial da Ucrânia”, eufemismo ensaboado para a palavra certa: invasão.