São Paulo — Enquanto seu principal adversário já definiu a vaga de vice para a disputa à Prefeitura de São Paulo em outubro deste ano, o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), vê a lista de nomes cotados para compor sua chapa engordar ainda mais, embaralhando a decisão.
Nesta semana, um novo nome ligado ao bolsonarismo surgiu no noticiário como opção para a vaga. Trata-se do policial militar reformado Ricardo Mello Araújo, o Coronel Mello, ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e ex-presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).
O nome dele emergiu depois que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse a Valdemar Costa Neto, presidente nacional do seu partido, no fim de 2023, que vai apoiar a reeleição de Nunes na disputa deste ano e indicar o vice na chapa do prefeito.
Apesar da especulação, auxiliares tanto de Nunes quanto de Bolsonaro afirmam que o vice ainda não foi definido — a expectativa é que isso só ocorra em março. Nessa terça-feira (16/1), ao receber publicamente o apoio de Tarcísio de Freitas (Republicanos), Nunes disse que vai ouvir a opinião do governador e do ex-presidente para escolher o nome.
“Agora, lógico, a opinião do presidente Bolsonaro, do Tarcísio… Eu não vou colocar ninguém que o Tarcísio não goste”, afirmou Nunes, durante coletiva de imprensa ao lado do governador, no Palácio dos Bandeirantes.
A pressão pela definição da vice cresce na medida em que o deputado federal Guilherme Boulos (PSol), principal adversário do prefeito na eleição de outubro, já definiu que sua vice será a ex-prefeita Marta Suplicy, que acabou de deixar o posto de secretária de Relações Internacionais da gestão Nunes para aderir à campanha do rival dele à convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Enquanto a definição não sai, a lista de cotados a vice na chapa de Ricardo Nunes cresce. Veja abaixo quem são os principais nomes que estão no páreo até agora e suas principais vantagens e desvantagens:
Doutor Nico Osvaldo Nico Gonçalves, o Doutor Nico, é delegado de carreira da Polícia Civil e empresário bem-sucedido, dono de uma rede de restaurantes em São Paulo. Figura conhecida dos programas de TV que exploram casos de polícia, ele ocupa o posto de secretário-executivo da Secretaria da Segurança Pública (SSP), número dois da pasta.
Até o fim do ano passado, Nico era considerado o favorito para a vaga de vice de Nunes porque tem a confiança de Tarcísio, boa relação com Nunes e com bolsonaristas, e poderia reforçar na campanha a bandeira da defesa da segurança pública.
Pesquisas internas de diferentes partidos apontam que esse tema é o que atualmente desperta maior preocupação do eleitor paulistano. Contudo, esse é também o “calcanhar de Aquiles” das gestões em São Paulo, uma vez que a sensação de insegurança na cidade pode se voltar contra quem está no poder e enfraquecer a chapa de Nunes.
Sonaira Fernandes Secretária estadual de Políticas para a Mulher, Sonaira é vereadora licenciada da capital e já foi auxiliar de gabinete do deputado federal Eduardo Bolsonaro.
Sonaira é tida pelos bolsonaristas como uma das aliadas mais fieis ao ex-presidente Jair Bolsonaro em São Paulo e se destaca pelos embates virtuais contra a esquerda em defesa das pautas conservadoras. Desta forma, ela preenche dois dos pré-requisitos apontados como importantes para a escolha de vice: ser mulher e bolsonarista.
Mas auxiliares mais diretos de Nunes fazem, em conversas reservadas, uma série de restrições ao nome de Sonaira. Além de não contar com o apoio de parte da base do prefeito na Câmara Municipal, ela tem um perfil considerado radical que poderia afastar parte do eleitorado de centro e minar a estratégia do emedebista de colar em Boulos o rótulo de extremista.
Maria Rosas Deputada Federal em seu segundo mandato consecutivo e próxima da Igreja Universal do Reino de Deus, Maria Rosas (Republicanos) é integrante do partido de Tarcísio e apontada como uma defensora de pautas conservadoras ligadas a mulheres e famílias, com menos restrições entre os aliados de Nunes do que Sonaira Fernandes.
O próprio Nunes costuma destacar a deputada em conversas quando menciona os nomes de possíveis vices que chegaram até ele. Contudo, Maria Rosas não é um nome diretamente ligado ao bolsonarismo, embora seja próxima da ex-ministra da Mulher Damares Alves.
Coronel Mello Policial Militar reformado e ex-comandante da Rota, Ricardo Mello Araújo é outro aliado fiel de Bolsonaro. Na gestão do ex-presidente, ele presidiu a Ceagesp na capital e transformou o lugar em um enclave bolsonarista quando o estado era comandado pelo ex-governador João Doria, um dos desafetos do bolsonarismo.
Mello também é um nome da segurança pública, mas não carrega o ônus de ter de explicar os problemas da atual gestão na área, como é o caso do Doutor Nico. Além disso, ele tem experiência administrativa relacionadas a outras áreas.
O ex-PM, porém, não é um nome tão conhecido fora da bolha bolsonarista como ocorre com o delegado Nico. Ele também é ligado a uma polêmica: quando chefiava a Rota, ficou famoso por dizer que a PM agia diferente com suspeitos nos Jardins, bairro nobre da cidade, em relação às periferias.
Fabio Wajngarten Advogado e ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten é o principal assessor de Bolsonaro, que faz as vezes de articulador e porta-voz do ex-presidente. O nome dele foi o primeiro ligado ao bolsonarismo a surgir como opção para a vaga de vice de Nunes, mas perdeu força nos últimos meses.
Wajngarten tem bom trânsito com o empresariado, com a imprensa e aliados de Nunes na Prefeitura. Porém, assim como ocorre com Sonaira Fernandes, não é um nome consensual entre os auxiliares do prefeito diante de sua associação tão direta com Bolsonaro, o que poderia afastar eleitores por conta da rejeição do ex-presidente na capital paulista.