Nesta quinta-feira (14), na primeira sessão após o atentado perpetrado contra o Supremo Tribunal Feral (STF), o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, falou sobre o momento de acirramento ideológico vivida no país.
Depois de descrever a ação do homem que atirou artefatos explosivos contra o prédio do STF, Barroso fez uma pergunta incisiva, demonstrando a preocupação com o momento de extremismo político. “Onde perdemos a luz de nossa fraternidade para a escuridão do ódio, da agressividade e da violência?”
O presidente parabenizou todos os agentes de segurança envolvidos na investigação do caso da última (13) pela empenho, conduta corajosa e revelou a gravidade da situação política que o país vive.
“Esse episódio não é isolado e se soma ao discurso de ódio e ameaças proferido por um deputado (Daniel Silveira) contra os ministros do STF num grau inimaginável. Em 2022, um parlamentar famoso (Roberto Jefferson) por esquemas variados, desrespeita ordem dos policiais federais e arremessa granada contra os agentes falando que fazia isso em nome da liberdade. Em outubro de 2022, uma parlamentar (Carla Zambelli do PL) persegue de arma em punho, um sujeito que havia discordado dela publicamente,” afirmou.
E acrescentou: “No dia 8 de janeiro de 2023, milhares de pessoas mancomunadas e com a grave cumplicidade de autoridades invadiram e depredaram a sede dos três poderes. Neste episódio muitas pessoas procuraram naturalizar o imperdoável”.
O presidente do STF chamou atenção para a simbologia do atentado. “A gravidade do atentado de ontem nos alerta para o perigo de deslegitimar a nossa democracia e suas instituições, com a inspiração da violência, da desinformação e do autoritarismo. Reforço a necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia,” salientou.
“E aqui cabe as perguntas: onde nos perdemos nesse mundo de ódio, intolerância e golpismo? E porque subitamente se extraiu o pior das pessoas? A vida não deve ser assim. A sociedade brasileira é plural e o STF também. No Supremo, temos pessoas que pensam diferente a respeito de temas, mas nos tratamos com respeito e estamos irmanados por valores constitucionais e o princípio da não violência é um deles. A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. Somos todos livres e iguais. Só não há lugar para quem não respeita as regras democráticas e para quem pensa que a violência é uma estratégia de ação,” finalizou Barroso.