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Em Salvador, Anielle Franco e embaixadora dos EUA retomam acordo de combate ao racismo

Conectar universidades majoritariamente negras do Brasil e dos Estados Unidos para apoiar talentos afro-brasileiros e afro-americanos, promover startups de tecnologia e oportunidades de financiamento para capacitação em comunidades marginalizadas. Esses são apenas alguns dos aspectos do Plano de Ação Conjunto Brasil-EUA para Eliminar a Discriminação Racial e Étnica e Promover a Igualdade (Japer, na sigla em inglês). 

O acordo bilateral entre os dois países foi renovado nesta quarta-feira (3), em encontro da embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, e da ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, na Casa do Carnaval, em Salvador. 

“Os Estados Unidos têm a segunda maior diáspora africana; o Brasil tem a maior. Algumas das tradições mais ricas do Brasil, como samba, carnaval vêm da diáspora Ainda assim, o Brasil e os Estados Unidos, assim como qualquer país no mundo, tem racismo sistêmico”, afirmou Linda, que teve uma agenda de encontros com foco no combate ao racismo.

Primeira integrante do alto escalão do governo americano a visitar Salvador desde 2008, ela esteve em Brasília no dia anterior. A última visita de um oficial do alto escalão à capital baiana foi justamente quando a então secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, assinou a primeira versão do documento. Segundo a ministra Aniele Franco, ainda que o acordo tenha sido assinado em 2008, ele ficou praticamente parado. 

Para Anielle, porém, é um plano de ação com “muita potência” para crescer, ser expandido e transformar vidas de pessoas negras. “A gente retoma, mas já vai ter uma reunião de trabalho. A gente assina, mas já vai ter construído coisas. No próximo dia 30, estaremos no fórum, lá nos EUA, entendendo a responsabilidade”, diz, citando a segunda sessão do Fórum Permanente da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. 

“O Japer tem alguns eixos centrais e, dentro desses eixos, a gente vai tentar cada vez mais combater o racismo, que é diário. A gente tem acompanhado firmemente, cada vez mais perto, tudo que tem acontecido no nosso país. De fato, o Brasil voltou para que a gente pudesse retomar esse lugar internacionalmente e pautar políticas de qualidade para as pessoas”, acrescentou a ministra. 

Racismo
Anielle chegou a comentar o caso da pesquisadora Samantha Vitena, expulsa de um voo da Gol em Salvador, no último dia 28. Testemunhas da situação denunciaram racismo cometido pela empresa. De acordo com a ministra, não é a primeira vez que a companhia aérea está envolvida em um episódio como esse. Ela citou a própria irmã, Marielle Franco, assassinada em 2018. 

“Marielle viva passou por um caso de racismo na Gol, ainda com três meses de vereadora. Me lembro perfeitamente de como ela chegou em casa. Para além de repudiar a atitude que aconteceu com ela, a gente notificou todo mundo que está envolvido no caso”, diz, citando a ação em conjunto com os ministros dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e de Portos e Aeroportos, Márcio França. 

Uma reunião deve acontecer com outras pastas do governo, incluindo o Ministério das Mulheres, para pensar em novas medidas contra casos assim.

“É inadmissível que casos assim sigam acontecendo e sejam cada vez mais frequentes. Estamos notificando, mas, para além disso, estamos pensando o programa interministerial para que a gente possa fazer uma ação junto às empresas, porque é importante ter esse letramento racial”, acrescentou Anielle.

A escolha de Salvador também se deu pela simbologia da cidade para a luta da população negra, assim como as semelhanças com os EUA, como explicou a embaixadora Linda Thomas Greenfield. “Nós sabemos as desigualdades que nossos povos enfrentam como resultado direto de algumas das partes mais feias da nossa história. Estamos aqui em Salvador, o coração do Brasil negro, porque essa cidade representa os dois: os problemas do racismo e o futuro otimista que esperamos”. 

Ela citou que, tal como Salvador foi um dos centros do tráfico de pessoas escravizadas no Brasil, no passado, o mesmo acontecia em seu estado natal, Louisiana. Nova Orleans, maior cidade daquele estado, também foi o centro do comércio de escravos nos Estados Unidos. 

“Ainda assim, os dois lugares são centros pulsantes de cultura e música negra. Isso não é uma coincidência. É o poder da resistência, da ação coletiva e da esperança. Nós continuamos a lutar pelo que é certo, pelo futuro melhor que todos desejamos”, reforçou. 

Etapas
No próximo dia 23, haverá o Diálogo de Alto Nível Brasil-EUA sobre o Japer. A reunião deve acontecer em Brasília, quando representantes dos dois países vão estabelecer um plano de trabalho bilateral abrangente e definir grupos para atuar em áreas consideradas prioritárias, como acesso à saúde, educação e preservação da memória nacional. 

Neste encontro, devem ser discutidas, por exemplo, quais instituições de ensino podem participar do plano de ação. As universidades devem fornecer orientação e treinamento profissional para mulheres afrodescendentes na mídia e no jornalismo comunitário no Brasil. 

“Há 15 anos, a então secretária Condoleezza Rice esteve aqui em Salvador e assinou o acordo bilateral. Agora, estamos em nome do presidente (Joe) Biden para reconectar os EUA ao Japer e para trabalhar conjuntamente com o Brasil para eliminar a discriminação racial e étnica em todas as formas”, completou a embaixadora.

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