Não foi o fogo, nem foi a roda, dentre as criações primitivas; não foi o papiro, ou pergaminho, nem a tipografia, nem o motor a vapor. A maior invenção, na história, foi o smartphone.
Alexander Graham Bell inventou o telefone, mas foi o celular que o tornou acessível a todas as pessoas e lhe permitiu reconhecer, antes de ouvir a voz, quem está ligando; Claude Chappe inventou o telégrafo, mas foi o Twitter acessado pelo smartphone que codificou de forma mais acessível do que o Morse as mensagens sintetizadas em poucas palavras; Louis Daguerre inventou o daguerreótipo e Joseph Niepce e William Talbot, a fotografia, mas foi o celular que permitiu o selfie e com a tecnologia digital que substituiu o filme e os processos de revelação, lhe possibilitou ver a foto em tempo imediato e compartilhar em segundos.
Gutemberg inventou a imprensa (o processo de impressão), que permitiu imprimir jornais e revistas; Guglielmo Marconi e Nikola Tesla, dentre outros inventaram o rádio; Philo Farnswort, John Baird e Vladimir Zworykin, inventaram a televisão; Victor Cerf e Bob Kahn criaram o protocolo da internet que Tim Bernes Lee utilizou para criar o sistema Word Wide Web. O usuário do smartphone lê o jornal, ouve o rádio, assiste TV e navega na internet, com o seu aparelho. Todas as mídias, na palma da mão. Incluindo o cinema, o usuário assiste o filme de sua preferência.
Thomas Edison inventou a vitrola que reproduzia músicas gravadas, Emil Berliner criou o gramofone e veio a radiola que permitia ouvir quatro cinco discos em sequência, mas é no celular que o portador seleciona suas faixas de música entre milhares e ouve a qualquer hora e em qualquer ambiente e se quiser, sem incomodar os vizinhos. Egípcios e Babilônios inventaram o relógio, aperfeiçoado por Heinlen e Galileu Galilei, dentre outros, mas é o smartphone que lhe revela a hora quando você acessa, lhe presta o serviço de despertador e lhe dispensa o incômodo de ter um troço amarrado no braço.
Blaise Pascal inventou a calculadora funcional, aperfeiçoada por Wilhelm Von Leibniz, mas seu aparelho de celular lhe desobriga de carregar a máquina de fazer contas, basta acessar o aplicativo e fazer e refazer os cálculos desejados, e sem barulho a perturbar os outros. Thomas Edison, inventou o Cinetoscópio, precursor das filmadoras, processo aperfeiçoado por Etienne-Jules Marey e William Dickson. No seu Smartphone você filma os parabéns de um aniversário, um show, seu cachorrinho brincando, cenas de viagem, a moqueca fervendo, qualquer coisa e compartilha em minutos.
O maior invento da história da humanidade que reúne todos os inventores e todas as tecnologias lhe permite gravar conversas e entrevistas; compartilhar áudios e imagens pelo WhatsApp; fazer chamadas de vídeo; ligar a lanterna; consultar a previsão do tempo; realizar compras no e-commerce; usar o GPS para seus deslocamentos na cidade, ou na área rural; acessar sua conta no banco e operar as transações de transferências e pagamentos; planejar sua dieta e seus exercícios; fazer postagens no Instagram, no Tik Tok, no Snapchat, e em todas as redes sociais; acessar informações e fazer pagamentos pelo QR-Code; ler e responder seus e-mails e mensagens do Messenger; criar e jogar games… Serviços a perder de conta.
Maravilha? Quem disse? Os porretas que inventaram o smartphone, aplicativos e toda a gororoba para a gente consumir, não previram a falta de energia, o blackout duradouro. Faltou luz, não existe telefone, vídeo, relógio, fotografia, rádio, jornal, Pix, Uber, WhatsApp….coisa nenhuma. E nem você existe.
Nelson Cadena é publicitário e jornalista, escreve às quintas-feiras